Desde 1926
Pasmo-me frequentemente com a entrega, com os desvelos, com a generosidade das mães. Tento entender onde encontram tanta energia, tanta paciência, tanta resiliência, tanta persistência.
Falamos muitas vezes da adolescência a partir das suas manifestações, não raro inquietantes para os educadores, para os adultos, para os pais, apenas os carecas a escaparem aos cabelos em pé. Agora é o bater de portas, ou as calças rasgadas nas cuadas, ou os monólogos, ou os piercing’s e tatuagens, depois a vontade de afirmação, e a rejeição de qualquer autoridade (excetuada feita à submissão cega aos amigos…).
Por eles, pela forma elegante e empenhada como querem desempenhar a sua função, pelo brilho e galhardia com que interpretam o contributo à comunidade, entendem apresentar-se de fato e gravata, com esmero, com dignidade, ainda que sem luxos. Certinhos, passo a passo, todos a um ritmo marcado pelo bater das varas no chão, lá transportam o andor de Nossa Senhora, desde a Catedral até ao cimo do Monte do Sameiro. Simplesmente porque gostam da Mãe. Porque entendem que servir é honra. Porque resolvem aliar, à devoção, a “toalha à cintura”.
Ora, também quem é da família de Deus e dessa família gosta, certamente se esforça por comparecer ao encontro com os irmãos, tem gosto em marcar presença, não na casa de um deles (exígua para tanta gente), mas na casa do Pai comum, que se chama Igreja. O dia especial é esse, o Domingo que, por ser especial, até se chama assim: dia do Senhor, do nosso Deus, do nosso Pai do Céu.
Vamos ouvindo por aí que as igrejas estão a ficar vazias, que a prática dominical diminuiu, que o covid desabituou muita gente de ir à Igreja, que há cada vezes menos cristãos praticantes, que para muitos o domingo já não faz sentido…
O anúncio chegou pelo Arcanjo Gabriel. Maria, Virgem de Nazaré, por Deus preservada de toda a mácula, foi escolhida para mãe do Salvador. Toda a expectativa do Povo de Israel se concretiza. Um tempo nove irrompe. Entramos na Nova Aliança. O Redentor assume a carne humana.
O Joãozinho não escrevia. O lápis repousava-lhe por entre os dedos. Estava tolhido. Pensava consigo: se escrevo o que me vai na alma, os meus colegas vão rir-se de mim. Que hei-de fazer?!
“Cair na real”, como sói dizer-se, faz-nos bem. Não para nos deixarmos deprimir. Mas para que saibamos viver, conviver e construir.
“Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los.
Passava dias no seu laboratório em busca de respostas para as suas dúvidas…
Esteve entre nós e proferiu uma série de conferências sobre o genérico título: “Pensar o futuro da Igreja ou construir a Igreja do futuro”. Particularmente interessantes foram as considerações sobre “O tempo das igrejas vazias… de adultos”.
Hoje como então, a mesma chama da fé há-de brilhar viva e serena na alma e no coração dos estudantes dos nossos dias, herança de inconfundível valor que os velhos académicos lhes querem legar, tesouro de incomparável riqueza que escrupulosamente guardarão no escrínio sagrado das suas crenças religiosas”.
Maria acolhe o mensageiro. Dispõe-se a colaborar. O “sim” dá livre curso ao querer de Deus. E Nossa Senhora faz-nos depois perceber o que significa encontrar-se com Deus, executar o Seu querer, o Seu plano: saiu, fez-se à estrada, torna-se peregrina, vai ao encontro de Isabel, corre para a montanha, para outra região, sem relógio, com pressa para chegar, sem hora para retornar. Maria é a mulher do caminho, a irmã do caminho, a Senhora Peregrina.
Hoje vou invadir-lhe o espólio, para saborearmos um pedaço do conto “A avó, a cidade e o semáforo”. Reza assim:
O Zé era um homem simples e devoto. No caminho para o trabalho, parava sempre na Igreja, deixando a enxada à porta. Postado diante da imagem de Jesus crucificado, olhava para Ele e dizia-Lhe: “Jesus, é o Zé”. E ia-se embora.
Mas agora o Artur estava em liberdade; fez caminho de recuperação da toxicodependência, na prisão e no Projeto-Homem de Braga; tem, de novo, a vida pela frente.
Só que precisa de encontrar sustento, autonomia, uma profissão…