Pontífices, em vez de incendiários!

Pontífices, em vez de incendiários!

Desentendermo-nos, é muito fácil. Primeiro porque, perfeitos, não somos. Depois, os defeitos, toleráveis a início, com o passar dos dias, meses, anos vão-se tornando insuportáveis. Some-se a tudo isso o facto que cada um tem os seus gostos, o seu temperamento, a sua forma de encarar a vida e de ver a realidade…

Mais: temos famílias diferentes, educações diferentes, circunstâncias e companhias diferentes, defeitos diversos e virtudes cada um as suas…

Sendo certo que cada um vê as coisas do seu lado, o que para um é justo, para outro é atrocidade; o que para um é correto, para outro é falso.

Também não se escuta a uma só voz o discurso sobre as virtudes: com olhos benignos, descobrimos persistência; com lentes escuras, vemos teimosia; com lentes claras, extasiamo-nos com a elegância; a “coisa” virando para o torto, já só vemos vaidade; na fase do entusiasmo – inícios de uma relação amorosa, por exemplo, descobrimos santos de altar; passado o deslumbramento e surgindo o desencanto, “tu és este”, “tu és aquela”…

E que dizer da tendência para privilegiar o negativo?! – É só fazer a experiência: pegarmos numa toalha lindíssima, em linho, branca, ricamente bordada, exemplar garboso da melhor confeção. Nessa toalha colocamos uma pinta negra. Mostramos depois a toalha a quem passa e perguntamos: o que vê?! – A resposta quase invariável será: uma mancha negra. No geral assim sucede: uma mancha preta, leia-se, um defeito, vale mais que inúmeras virtudes; uma frase infeliz anula anos de amizade; um gesto irrefletido ou menos próprio, põe fim a décadas de concórdia.

E quando as coisas se contam a alguém, em vez de água na fervura, ouvimos frases do género: eu até sou amigo dele, mas… (insiram nas reticências o estrume todo que quiserem); ou então: ainda tu não sabes o resto… (insiram nas reticências a maior podridão que a língua humana consegue produzir). Há também os sábios: já sabia que aquilo não ia dar certo, porque “ele é assim “ela é assado”…

E da panela a arder no fogão, depressa passamos à casa incendiada!

Pontes, precisam-se. Água na fervura. Pontífices, em vez de incendiários.

Que a isso nos incentive a história que a seguir reportamos, sob o título:

CONSTRUIR PONTES

Conta-se que, certa vez, dois irmãos que moravam lado a lado, apenas separados por um riacho, entraram em conflito.

Foi a primeira grande desavença em toda uma vida a trabalhar lado a lado. Durante anos, eles percorreram uma estrada estreita e comprida que seguia ao longo do rio, ao final de cada dia, felizes por poderem atravessá-la e desfrutar da companhia um do outro… Apesar do cansaço, faziam a caminhada com muito gosto pois eram muito, muito amigos.

Mas num momento tudo mudou. O que tinha começado por um pequeno mal-entendido explodiu numa troca de palavras azedas, ríspidas, ásperas. Deixaram de se falar…

Mas numa manhã, o irmão mais velho ouviu bater à porta e ao abri-la apresentou-se um homem com uma caixa de ferramentas de carpinteiro na mão.

Estou à procura de trabalho – disse ele. Não tem nenhum pequeno serviço que possa fazer?

Sim – disse o dono do campo – tenho um trabalho importante para si: olhe, aquele campo do lado de lá do riacho é do meu vizinho, que até é o meu irmão mais novo. Nós zangamo-nos e agora não o posso suportar.

Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro?  Quero que construa uma cerca bem alta ao longo do rio para eu não mais voltar a vê-lo.

Enquanto o irmão mais velho foi à cidade, o homem pegou nos materiais, trabalhou arduamente durante todo o dia, medindo, cortando e pregando. Já ao anoitecer, terminou a obra.

O dono do campo quando chegou de viagem não podia acreditar no que estava a ver. Não havia cerca nenhuma! Em vez de cerca havia uma ponte que ligava as duas margens: – O senhor foi muito atrevido ao contruir essa ponte depois de tudo o que lhe contei.

No entanto, as surpresas não tinham terminado. Ao olhar novamente para a ponte, viu o seu irmão a aproximar-se da outra margem, correndo com os braços abertos.

Por momentos ficou imóvel, mas, de repente, num só impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte.

O carpinteiro já estava de partida, quando o irmão que o contratou lhe pediu emocionado: – Espere! Fique connosco mais alguns dias. E o carpinteiro respondeu:
– Eu adoraria ficar, mas tenho muitas outras pontes para construir”.

 

Cón. José Paulo Leite de Abreu

Presidente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro

Pontífices, em vez de incendiários!

Desentendermo-nos, é muito fácil. Primeiro porque, perfeitos, não somos. Depois, os defeitos, toleráveis a início, com o passar dos dias, meses, anos vão-se tornando insuportáveis. Some-se a tudo isso o facto que cada um tem os seus gostos, o seu temperamento, a sua forma de encarar a vida e de ver a realidade…

Mais: temos famílias diferentes, educações diferentes, circunstâncias e companhias diferentes, defeitos diversos e virtudes cada um as suas…

Sendo certo que cada um vê as coisas do seu lado, o que para um é justo, para outro é atrocidade; o que para um é correto, para outro é falso.

Também não se escuta a uma só voz o discurso sobre as virtudes: com olhos benignos, descobrimos persistência; com lentes escuras, vemos teimosia; com lentes claras, extasiamo-nos com a elegância; a “coisa” virando para o torto, já só vemos vaidade; na fase do entusiasmo – inícios de uma relação amorosa, por exemplo, descobrimos santos de altar; passado o deslumbramento e surgindo o desencanto, “tu és este”, “tu és aquela”…

E que dizer da tendência para privilegiar o negativo?! – É só fazer a experiência: pegarmos numa toalha lindíssima, em linho, branca, ricamente bordada, exemplar garboso da melhor confeção. Nessa toalha colocamos uma pinta negra. Mostramos depois a toalha a quem passa e perguntamos: o que vê?! – A resposta quase invariável será: uma mancha negra. No geral assim sucede: uma mancha preta, leia-se, um defeito, vale mais que inúmeras virtudes; uma frase infeliz anula anos de amizade; um gesto irrefletido ou menos próprio, põe fim a décadas de concórdia.

E quando as coisas se contam a alguém, em vez de água na fervura, ouvimos frases do género: eu até sou amigo dele, mas… (insiram nas reticências o estrume todo que quiserem); ou então: ainda tu não sabes o resto… (insiram nas reticências a maior podridão que a língua humana consegue produzir). Há também os sábios: já sabia que aquilo não ia dar certo, porque “ele é assim “ela é assado”…

E da panela a arder no fogão, depressa passamos à casa incendiada!

Pontes, precisam-se. Água na fervura. Pontífices, em vez de incendiários.

Que a isso nos incentive a história que a seguir reportamos, sob o título:

CONSTRUIR PONTES

Conta-se que, certa vez, dois irmãos que moravam lado a lado, apenas separados por um riacho, entraram em conflito.

Foi a primeira grande desavença em toda uma vida a trabalhar lado a lado. Durante anos, eles percorreram uma estrada estreita e comprida que seguia ao longo do rio, ao final de cada dia, felizes por poderem atravessá-la e desfrutar da companhia um do outro… Apesar do cansaço, faziam a caminhada com muito gosto pois eram muito, muito amigos.

Mas num momento tudo mudou. O que tinha começado por um pequeno mal-entendido explodiu numa troca de palavras azedas, ríspidas, ásperas. Deixaram de se falar…

Mas numa manhã, o irmão mais velho ouviu bater à porta e ao abri-la apresentou-se um homem com uma caixa de ferramentas de carpinteiro na mão.

Estou à procura de trabalho – disse ele. Não tem nenhum pequeno serviço que possa fazer?

Sim – disse o dono do campo – tenho um trabalho importante para si: olhe, aquele campo do lado de lá do riacho é do meu vizinho, que até é o meu irmão mais novo. Nós zangamo-nos e agora não o posso suportar.

Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro?  Quero que construa uma cerca bem alta ao longo do rio para eu não mais voltar a vê-lo.

Enquanto o irmão mais velho foi à cidade, o homem pegou nos materiais, trabalhou arduamente durante todo o dia, medindo, cortando e pregando. Já ao anoitecer, terminou a obra.

O dono do campo quando chegou de viagem não podia acreditar no que estava a ver. Não havia cerca nenhuma! Em vez de cerca havia uma ponte que ligava as duas margens: – O senhor foi muito atrevido ao contruir essa ponte depois de tudo o que lhe contei.

No entanto, as surpresas não tinham terminado. Ao olhar novamente para a ponte, viu o seu irmão a aproximar-se da outra margem, correndo com os braços abertos.

Por momentos ficou imóvel, mas, de repente, num só impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte.

O carpinteiro já estava de partida, quando o irmão que o contratou lhe pediu emocionado: – Espere! Fique connosco mais alguns dias. E o carpinteiro respondeu:
– Eu adoraria ficar, mas tenho muitas outras pontes para construir”.

 

Cón. José Paulo Leite de Abreu

Presidente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro

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