Custo total e global: nada!
Pasmo-me frequentemente com a entrega, com os desvelos, com a generosidade das mães. Tento entender onde encontram tanta energia, tanta paciência, tanta resiliência, tanta persistência.
O bebé chora, rouba noites de sono, condiciona toda a vida, mas recebe carinho, muitos beijos, ternos e infindos abraços.
Depois vai crescendo e toca a vigiar, para que não meta as mãos nas tomadas, para que não caia, para que não vá pelas escadas abaixo, para que não se debruce na varanda. E agora faz birra para comer, e depois não quer tomar banho ou esparrinha tudo, ou só quer guloseimas…
E toca a levantar cedo, mesmo que a noite tenha sido atribulada, que o infantário, ou a escola, ou as muitas atividades e formações – qual penhor de um futuro risonho, assente nas muitas competências adquiridas, exigem deslocações, muita filas de trânsito, muitas horas de alcatrão e paragens nos semáforos.
As prateleiras dos supermercados já não têm segredos. É a primeira, aqui os cereais, ali o leite, o pão daquele lado, os sumos… E o cálculo mental para que o dinheiro chegue, pensamento sempre voltado lá para casa, com esquecimento ou desconsideração do próprio umbigo.
Tanta roupa para lavar e passar a ferro, tarefa sempre inacabada, o tambor da máquina sempre a encher-se, o cesto sempre à espera de saltar para a tábua de brunir e os tabuleiros sempre em viagem para os armários, onde a roupa engomada encontra descanso, por algum breve tempo.
Limpar a casa, é verdade. É que o pó cai sobre os armários, ou nas mesinhas de cabeceira, ou anda a adensar-se pelo chão. O aspirador dá um jeito, mas também se limpam casas de banho, ou se passa o chão a pano.
Enfim, quem sou para conseguir enumerar o ingente trabalho das mães, um trabalho quotidiano, abnegado, sumamente altruísta.
Sem esse contributo, o que seria de tantas vidas?! Sem esse “andaime”, como se construiriam tantos bonitos “edifícios”?! Sem tanta abnegação e generosidade, como imaginar as nossas famílias?!
Uma ou outra vez um lamento, ou um desabafo, ou uma manifestação de cansaço?! – Mas tudo rapidamente desparece no carinho, na ternura, na bondade, no coração imenso que as boas mães conseguem ter.
No geral, nada acontece por interesse, à espera de paga, com cola nas mãos. Sobrepõe-se a vontade de tornar os outros felizes, de os ver crescer para a vida alegres e risonhos, saudáveis e fortes.
Pois bem: com a ajuda de mais uma estória, aqui deixo uma enorme homenagem às boas mães, pedindo desculpa pelas vezes em que não as conseguimos imitar, na grandeza do coração, na montanha de generosidade, na imensidão da sua entrega.
Ora aí vai a estória:
“Uma criança já minimamente crescida fez uma lista de «contas», que no seu conceito, a mãe lhe devia e esta encontrou à cabeceira da cama, onde se lia: cortar a relva do jardim – 2 euros; limpar o meu quarto, durante a semana – 2 euros: cuidar do meu irmãozinho, enquanto foi às compras – 1 euro; limpar e varrer o quintal, todos os dias da semana – 5 euros. Total da dívida – 10 euros!
Por seu turno, a mãe ao ver a tal lista, enumerou as suas «despesas», que atentamente anotou e deixou à cabeceira do filho tão «exigente»: por te trazer nove meses em meu ventre e por te dar a vida – nada; por tantas noites sem dormir, por te trazer ao colo e por te dar de comer – nada; por te limpar, te vestir e te adormecer – nada; pela comida, as roupas e os brinquedos que te dei e arrumei – nada; por tudo o que fiz e terei de fazer para fazer de ti um homem – nada. Custo total e global: nada!
Ao acordar o filho «reivindicativo» leu as contas da mãe e foi-lhe pedir desculpa…”.
Cón. José Paulo Leite de Abreu
Presidente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro
Custo total e global: nada!
Pasmo-me frequentemente com a entrega, com os desvelos, com a generosidade das mães. Tento entender onde encontram tanta energia, tanta paciência, tanta resiliência, tanta persistência.
O bebé chora, rouba noites de sono, condiciona toda a vida, mas recebe carinho, muitos beijos, ternos e infindos abraços.
Depois vai crescendo e toca a vigiar, para que não meta as mãos nas tomadas, para que não caia, para que não vá pelas escadas abaixo, para que não se debruce na varanda. E agora faz birra para comer, e depois não quer tomar banho ou esparrinha tudo, ou só quer guloseimas…
E toca a levantar cedo, mesmo que a noite tenha sido atribulada, que o infantário, ou a escola, ou as muitas atividades e formações – qual penhor de um futuro risonho, assente nas muitas competências adquiridas, exigem deslocações, muita filas de trânsito, muitas horas de alcatrão e paragens nos semáforos.
As prateleiras dos supermercados já não têm segredos. É a primeira, aqui os cereais, ali o leite, o pão daquele lado, os sumos… E o cálculo mental para que o dinheiro chegue, pensamento sempre voltado lá para casa, com esquecimento ou desconsideração do próprio umbigo.
Tanta roupa para lavar e passar a ferro, tarefa sempre inacabada, o tambor da máquina sempre a encher-se, o cesto sempre à espera de saltar para a tábua de brunir e os tabuleiros sempre em viagem para os armários, onde a roupa engomada encontra descanso, por algum breve tempo.
Limpar a casa, é verdade. É que o pó cai sobre os armários, ou nas mesinhas de cabeceira, ou anda a adensar-se pelo chão. O aspirador dá um jeito, mas também se limpam casas de banho, ou se passa o chão a pano.
Enfim, quem sou para conseguir enumerar o ingente trabalho das mães, um trabalho quotidiano, abnegado, sumamente altruísta.
Sem esse contributo, o que seria de tantas vidas?! Sem esse “andaime”, como se construiriam tantos bonitos “edifícios”?! Sem tanta abnegação e generosidade, como imaginar as nossas famílias?!
Uma ou outra vez um lamento, ou um desabafo, ou uma manifestação de cansaço?! – Mas tudo rapidamente desparece no carinho, na ternura, na bondade, no coração imenso que as boas mães conseguem ter.
No geral, nada acontece por interesse, à espera de paga, com cola nas mãos. Sobrepõe-se a vontade de tornar os outros felizes, de os ver crescer para a vida alegres e risonhos, saudáveis e fortes.
Pois bem: com a ajuda de mais uma estória, aqui deixo uma enorme homenagem às boas mães, pedindo desculpa pelas vezes em que não as conseguimos imitar, na grandeza do coração, na montanha de generosidade, na imensidão da sua entrega.
Ora aí vai a estória:
“Uma criança já minimamente crescida fez uma lista de «contas», que no seu conceito, a mãe lhe devia e esta encontrou à cabeceira da cama, onde se lia: cortar a relva do jardim – 2 euros; limpar o meu quarto, durante a semana – 2 euros: cuidar do meu irmãozinho, enquanto foi às compras – 1 euro; limpar e varrer o quintal, todos os dias da semana – 5 euros. Total da dívida – 10 euros!
Por seu turno, a mãe ao ver a tal lista, enumerou as suas «despesas», que atentamente anotou e deixou à cabeceira do filho tão «exigente»: por te trazer nove meses em meu ventre e por te dar a vida – nada; por tantas noites sem dormir, por te trazer ao colo e por te dar de comer – nada; por te limpar, te vestir e te adormecer – nada; pela comida, as roupas e os brinquedos que te dei e arrumei – nada; por tudo o que fiz e terei de fazer para fazer de ti um homem – nada. Custo total e global: nada!
Ao acordar o filho «reivindicativo» leu as contas da mãe e foi-lhe pedir desculpa…”.
Cón. José Paulo Leite de Abreu
Presidente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro