
Tu és formosa, ó Maria, em ti defeito não há!
Não há muito, voltei a perder-me diante da Pietà de Miguel Ângelo, dentro da Basílica de S. Pedro, casa mãe de todos os católicos. Olhei a beleza dos rostos. Colhi os sentimentos que transmitem. Deixei-me extasiar por tanta formusura, delicadeza e serenidade.
E fui relembrando o muito que sobre esta escultura se tem escrito.
Confirmei a geometria da peça: um triângulo, qual invocação da Trindade, à luz da qual toda a história da Virgem se percebe. Os corpos e os seus movimentos ajustam-se aos propósitos matemáticos do artesão.
Mais uma vez confirmei a justeza da definição de escultura que ao artista do renascimento se atribui: a escultura é o que fica depois de termos tirado, do material que se trabalha, tudo o que lá está a mais. Do triângulo, então, foi tirado o que sobrava, para apenas aparecerem os belíssimos rostos, os perfeitos corpos de Jesus e de Maria.
Mas a escultura diz-nos mais.
Maria tem nos braços um filho jovem, demasiado jovem, Miguel Ângelo certamente a dizer-nos que esse Jesus é, aos olhos de Nossa Senhora, o mesmo de sempre: o que concebera e dera à luz em Belém; o que viu morrer na cruz pela redenção da humanidade. Todos os momentos da vida de Jesus como que se ligam nessa hora do descendimento da cruz, como se num mesmo mármore o artista quisesse esculpir o berço e a cruz, a incarnação e a crucifixão, o nascimento para redimir e a redenção consumada, o Cristo jovem e o Cristo que partiu para o Pai. E Maria é sempre a Mãe d’Ele, a Mãe de todas as horas, de todas as fases da Sua vida. Ela é sempre e para sempre a Mãe de Jesus.
Para espanto de muitos – até criticaram o escultor por causa disso, o rosto de Maria também é muito jovem. Como se o artista quisesse colocar a Mãe de Jesus fora do tempo. E é verdade: foi isso mesmo que ele quis. Ao mundo pregou que Maria é juventude, é vida, é perene candura, é beleza sempiterna, é doçura de rosto, ternura de olhar, bondade infinda de coração, docilidade suprema, amor incondicional para o Filho e por aqueles que o Filho lhe confiou – que somos todos nós.
Diz-se que Miguel Ângelo terá respondido, a quem o acusava de ter concebido o rosto de Nossa Senhora demasiado jovem: representei-a assim porque… a beleza não tem idade!
Na sua fé simples, o nosso povo diz isto mesmo em nossos dias, através de uma conhecida música. E sonho-me numa peregrinação ao Sameiro, o cansaço da estrada apagado pelo ardor da fé, a devoção a soltar a alma e os pulmões, todos transformados num coro de devotos e amigos da Mãe, a cantar:
“Tu és formosa ó Maria,
Em ti defeito não há.
Criatura assim perfeita,
Deus não fez, Deus não fará.
Tu és, Maria bendita,
A glória do nosso povo:
Tu serás eternamente
O prodígio sempre novo.
Não há em Ti, ó Maria,
A triste culpa de Adão:
Deus Te fez imaculada
Desde a Tua Conceição…
Tu és a glória, ó Maria
Da eterna Jerusalém!
Como Tu, ó Virgem Santa
Deus não fez, não fez ninguém!”
Paulo Abreu
Tu és formosa, ó Maria, em ti defeito não há!
Não há muito, voltei a perder-me diante da Pietà de Miguel Ângelo, dentro da Basílica de S. Pedro, casa mãe de todos os católicos. Olhei a beleza dos rostos. Colhi os sentimentos que transmitem. Deixei-me extasiar por tanta formusura, delicadeza e serenidade.
E fui relembrando o muito que sobre esta escultura se tem escrito.
Confirmei a geometria da peça: um triângulo, qual invocação da Trindade, à luz da qual toda a história da Virgem se percebe. Os corpos e os seus movimentos ajustam-se aos propósitos matemáticos do artesão.
Mais uma vez confirmei a justeza da definição de escultura que ao artista do renascimento se atribui: a escultura é o que fica depois de termos tirado, do material que se trabalha, tudo o que lá está a mais. Do triângulo, então, foi tirado o que sobrava, para apenas aparecerem os belíssimos rostos, os perfeitos corpos de Jesus e de Maria.
Mas a escultura diz-nos mais.
Maria tem nos braços um filho jovem, demasiado jovem, Miguel Ângelo certamente a dizer-nos que esse Jesus é, aos olhos de Nossa Senhora, o mesmo de sempre: o que concebera e dera à luz em Belém; o que viu morrer na cruz pela redenção da humanidade. Todos os momentos da vida de Jesus como que se ligam nessa hora do descendimento da cruz, como se num mesmo mármore o artista quisesse esculpir o berço e a cruz, a incarnação e a crucifixão, o nascimento para redimir e a redenção consumada, o Cristo jovem e o Cristo que partiu para o Pai. E Maria é sempre a Mãe d’Ele, a Mãe de todas as horas, de todas as fases da Sua vida. Ela é sempre e para sempre a Mãe de Jesus.
Para espanto de muitos – até criticaram o escultor por causa disso, o rosto de Maria também é muito jovem. Como se o artista quisesse colocar a Mãe de Jesus fora do tempo. E é verdade: foi isso mesmo que ele quis. Ao mundo pregou que Maria é juventude, é vida, é perene candura, é beleza sempiterna, é doçura de rosto, ternura de olhar, bondade infinda de coração, docilidade suprema, amor incondicional para o Filho e por aqueles que o Filho lhe confiou – que somos todos nós.
Diz-se que Miguel Ângelo terá respondido, a quem o acusava de ter concebido o rosto de Nossa Senhora demasiado jovem: representei-a assim porque… a beleza não tem idade!
Na sua fé simples, o nosso povo diz isto mesmo em nossos dias, através de uma conhecida música. E sonho-me numa peregrinação ao Sameiro, o cansaço da estrada apagado pelo ardor da fé, a devoção a soltar a alma e os pulmões, todos transformados num coro de devotos e amigos da Mãe, a cantar:
“Tu és formosa ó Maria,
Em ti defeito não há.
Criatura assim perfeita,
Deus não fez, Deus não fará.
Tu és, Maria bendita,
A glória do nosso povo:
Tu serás eternamente
O prodígio sempre novo.
Não há em Ti, ó Maria,
A triste culpa de Adão:
Deus Te fez imaculada
Desde a Tua Conceição…
Tu és a glória, ó Maria
Da eterna Jerusalém!
Como Tu, ó Virgem Santa
Deus não fez, não fez ninguém!”
Paulo Abreu